Chegar de barco em Stromboli é por si só uma experiência única. Essa pequena ilha ao norte da costa da Sicília, na Itália, é especial por diversos motivos. Stromboli é um vulcão ativo e ali, na sua base, está uma charmosa e pequena vila. Não só: Stromboli é um dos poucos vulcões no mundo em atividade permanente.
Assim que desembarcamos da lancha que nos trouxe de uma cidade siciliana, demos de cara com uma vista com praias de areias pretas contrastando com as casinhas brancas. Nada de carros. Apenas pequenos carrinhos, como os de golfe, que funcionam como táxi, levando os turistas para lá e para cá. Parece até que a gente havia aterrissado em Marte – ou em algum vilarejo afastado da Islândia. Mas a arquitetura das casas ali não mentiam: estávamos, de fato, no Mediterrâneo!
Vulcão Stromboli, o “Farol do Mediterrâneo”
Stromboli é uma das sete ilhas do arquipélago das ilhas Eólias, no mar Tirreno, e possui uma área de cerca de 12,6 km². É pequena mesmo – mas muito charmosa! Na mitologia grega, era em Stromboli que Éolo, personagem da Odisseia, vivia. Stromboli tem a forma de um cone e 926 metros de altitude. Do fundo do mar, a altura de Stromboli chega a 3.000 metros.
Na ilha de Stromboli estão duas pequenas vilas: Stromboli e Ginostra. A vila de Ginostra pode ser acessada em um passeio de barco saindo de Stromboli. Dizem que, no inverno, a população de Ginostra é de apenas dez habitantes! No total, cerca de 500 pessoas habitam a ilha.
A tal da atividade estromboliana
Não por acaso Stromboli ganhou o apelido de “farol do Mediterrâneo”. É que o vulcão possui alta frequência de erupções: Stromboli é um dos vulcões mais ativos do mundo e possui explosões constantes, intervaladas por períodos de calmaria. Quando estávamos lá, as explosões aconteciam a cada 15-20 minutos, em média. Mas os intervalos podem acontecer de 5 minutos a uma hora. Stromboli se mantém ativo há pelo menos dois mil anos. Agora, o termo “atividade estromboliana” é usado para nomear essa forma de vulcanismo, com pequenas explosões em espaços constantes de tempo intercaladas com explosões mais fortes, em vulcões do mundo todo – do vulcão Etna, ali do lado, ao vulcão Raung, na Indonésia.
Duas noites em Stromboli
A nossa estada em Stromboli foi definitivamente o ponto alto da nossa viagem de carro pela Sicília – Stromboli foi nossa segunda parada na viagem, logo depois de Cefalù. É verdade que muita gente não vê graça na pequena vila, porque não há muito o que fazer. Mas a experiência é justamente essa: dormir em um vulcão ativo no meio do mar Mediterrâneo!
Subindo o vulcão até Sciara del Fuoco
O passeio mais importante de uma estada em Stromboli é a subida até a Sciara del Fuoco. A caminhada pode ser feita com ou sem guia e dura cerca de uma hora saindo do vilarejo. Saímos no final da tarde, uma hora antes do sol se pôr, para ver o espetáculo pertinho da cratera.
A trilha não é difícil, apesar de em alguns momentos ser preciso pequenas paradas para recobrar o fôlego. É, pode ser cansativo subir na areia vulcânica. Muitas vezes, também foi preciso atenção redobrada nas pequenas passarelas beirando o precipício. A trilha, no entanto, era fácil de seguir.
Não se esqueça de levar lanterna, água, agasalho corta-vento (venta muito lá no alto!) e um tênis confortável para a trilha que sobe o vulcão.
Finalmente, chegamos no área panorâmica de onde pudemos avistar a Sciara del Fuoco, a rampa onde desce a lava expelida pelo vulcão. Dali, a vista é estonteante. Imagine só sentir que a terra está viva e entra em ebulição a alguns metros de você. Entre um silêncio e outro, o show de luzes encanta: a lava que explode, treme a terra e corre soltando faíscas montanha abaixo, muitas vezes até encontrar o mar. Um deslumbre só. Provavelmente uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida!
A partir do ponto de vista panorâmica é possível subir mais alguns metros, porém apenas com guia. Infelizmente, o acesso até Pizzo, na altura de 918 metros, estava fechado por conta das grandes explosões que aconteceram em julho de 2020.
Descemos a trilha em direção ao restaurante L’Osservatorio, de onde também é possível avistar as explosões – de uma distância um pouco maior, é claro. Mas a beleza e a magnitude do vulcão ainda encanta – mesmo de longe.
Restaurante L’Osservatorio: entre vinhos e lavas
Jantamos duas vezes no Restaurante L’Osservatorio, que tem um terraço com vista para o vulcão. Na primeira noite na vila, fomos direto ao restaurante para conhecer as famosas explosões, mesmo que de longe. O caminho da vila até o restaurante é basicamente uma estrada de terra sem iluminação alguma. Também não é tão perto assim: cerca de 1,5 km e pelo menos vinte minutos a pé. Ali, comemos pizza regada a um bom vinho da casa.
As maravilhosas praias de areia preta
São três diferentes praias de areia preta em Stromboli: Spiaggia Lunga, Ficogrande e Scari. Elas não possuem infra-estrutura alguma, como restaurantes e barracas. São ermas e vazias – e aí mora grande parte da beleza.
Da praia Ficogrande é possível avistar a ilha de Strombolicchio. Essa pequenina e inabitada ilha com um farol é, na verdade, o que sobrou da primeira formação do vulcão.
+ E já que o assunto são vulcões em erupção, vale a pena dar uma lida na experiência do Diego Arena, do blog Uma Viagem Diferente, nas ruínas de Pompeia. E já que estamos aos pés do vulcão Etna, vale dar um pulinho em Nápoles, com o pessoal do blog De lugar Nenhum, a apenas 25km dali!
Como chegar em Stromboli
A única maneira de chegar em Stromboli é de barco. Saímos do porto de Milazzo de ferry e a viagem demorou cerca de duas horas (cerca de 43 € ida e volta por pessoa). Os horários dos trajetos podem ser acessados no site Direct Ferries. Também é possível chegar a Stromboli via Napoli por ferry.
Stromboli: dicas de hospedagem
Nos hospedamos duas noites na pousada La Lampara, que também possui um dos restaurantes mais requisitados da cidade. Infelizmente, durante nossa viagem o restaurante estava fechado porque a cozinheira se acidentou alguns meses antes. De qualquer maneira, Carlo, o dono da pousada, era muito simpático e solícito (o dono de hotel mais simpático que encontramos nessa viagem, aliás!), os quartos eram limpos e confortáveis e o café da manhã tinha o verdadeiro café italiano feito na máquina (nada de café instantâneo).
Onde e o que comer em Stromboli?
A verdade é que as experiências gastronômicas dentro de Stromboli são muito limitadas. Tivemos algumas não muito boas, confesso. Mas eu recomendaria dois lugares:
Bar Ingrid: Perfeito para aquela pausa do café no meio do dia, o lugar oferece além de um bom café espresso, doces bem feitos como o cannolo. Tem uma vista bonita para o mar e fica ali, na frente da igreja. Difícil errar.
Ristorante da Zurro: O chefe com jeito excêntrico, que vai de mesa em mesa e te trata como cliente antigo, deixa a experiência no lugar mais interessante. São poucas mesas (melhor fazer reserva antes!) em um salão fechado e o menu muda diariamente com diferentes tipos de frutos do mar fresquinhos. Confie na criatividade do chefe e mergulhe na experiência! P.S.: Esse restaurante, aliás, foi uma ótima recomendação do Carlo, dono da pousada La Lampara.
Mais dicas úteis
Língua: Italiano Moeda: Euro Clima/Quando Visitar: De junho a outubro, quando o mar está calmo e os restaurantes e pousadas estão abertos em sua maioria. Nós visitamos em outubro e a temperatura era agradável, mas nada que um casaquinho resolvesse. Visto para brasileiros: Dispensa visto por até 90 dias.
Stromboli foi nossa segunda parada na viagem de carro pela Sicília. A primeira parada foi Cefalù, uma pequena cidade medieval com uma bela (e cheia de lendas!) rocha gigante. Vale a pena incluir no roteiro de viagem!
Uma das cidades mais bonitas de Montenegro e, talvez, da Europa. A belíssima cidade de Kotor, também conhecida como Cattaro, está localizada em Montenegro, um minúsculo país dos Balcãs, e impressiona pela localização de beleza ímpar: bem escondida no final de um fiorde – os fiordes mais setentrionais da Europa, aliás.
As suas águas são cristalinas e cor de esmeralda, as montanhas acinzentadas crescem repentinamente 1500 metros e o verde que ali brota ganha tons amarelados no outono. Palmeiras por toda a parte. Se você reparar bem, olhando de longe perceberá uma muralha que sobe a montanha a partir da cidade. No topo, um castelo medieval. E essa é só a primeira impressão de Kotor, conhecida como pérola do Adriático.
É difícil não se impressionar com a beleza exuberante de Kotor.
“No nascimento de nosso planeta, o encontro mais bonito entre a terra e o mar deve ter sido na costa montenegrina” — Lord Byron
A frase acima foi escrita pelo poeta inglês Lord Byron quando visitou Montenegro no século 19. E desconfio que, ainda hoje, quem visita Kotor pela primeira vez tem a mesma impressão…
Na Idade Média, Kotor era um importante centro comercial e artístico com escolas de iconografia e alvenaria. Suas construções preservadas, com palácios e conjuntos monásticos, rendeu ao lugar um posto na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco.
Kotor foi nossa última parada durante a viagem de carro por Montenegro e fechou com chave de ouro nossa primeira visita ao país. Foram duas noites bem vividas e, definitivamente, um dos highlights dessa viagem pela Croácia e Montenegro. Você vai entender o porquê logo mais!
Onde está Kotor (e como chegar)?
Kotor está localizada na costa da Montenegro, na região norte do país, bem pertinho da fronteira com a Croácia. Os aeroportos mais próximos são os aeroportos de Dubrovnik (71,3km) e Podgorica (81km). Há ainda o aeroporto de Tivat, localizado a 7,9 km do centro da cidade, mas que atende principalmente companhias aéreas regionais.
O que fazer em Kotor: 10 atividades para colocar no roteiro
1. Old Kotor: um passeio pela Cidade Velha
A viagem em Kotor quase sempre começa com um passeio pela cidade antiga. A cidade murada guarda belezas como igrejas, restaurantes e até bazar entre suas ruelas de pedra. Em apenas uma tarde ou manhã é possível explorar o que o lugar tem de melhor. Mas também é uma delícia percorrer as ruelas em busca de tesouros arquitetônicos sem prestar atenção no relógio. Há muito o que fazer na baía de Kotor!
2. Pausa para um café (gelado!)
Em um dia de verão, pode ser desconfortável passar a tarde explorando as ruelas. O calor é de outro mundo! Por isso, uma pausa em um dos cafés da cidade antiga para um affogato é mais do que bem-vinda.
Em nossa viagem em 2020, as ruas estavam vazias porque não haviam cruzeiros ancorados no porto de Kotor. Mas dizem que a cidade fica lotadíssima no verão – e eu acredito.
3. Trilha para a fortaleza de Kotor
A trilha para a fortaleza é, talvez, o passeio mais conhecido de Kotor. Também, pudera, a vista é linda lá do alto! Ela consiste em uma escadaria até as ruínas do Castelo San Giovanni. A subida é cansativa, mas não é difícil. Levamos cerca de 40 minutos para subir, mas geralmente o percurso dura pelo menos uma hora. Dizem que são mais de 1200 degraus, ufa!
O melhor horário é logo pela manhã, antes do nascer do sol – e antes que o calor de verdade comece! A partir das 8 horas da manhã (até às 20h), há um controle no começo da trilha cobrando a entrada de 8 euros. Passamos antes disso e não fomos cobrados. Quer uma dica? Vá de tênis e leve água!
Dali, saímos por uma pequena escada que nos levou onde pastores ainda hoje criam cabras. Passamos por uma pequena igrejinha abandonada, a Sveti Juraj, e seguimos até encontrar um pequeno negócio com vista para a baía. Ali, uma família montou um pequeno negócio em seu sítio escarpado onde vende queijos de cabra produzido ali mesmo. Uma delícia! Dali, é possível pegar uma outra trilha que zigue-zagueia até a baía.
4. Passeio de barco pela baía de Kotor
Arrisco-me a dizer que este foi definitivamente um dos passeios mais legais da viagem. Com cerca de três horas, a primeira parada do passeio foi na Igreja Nossa Senhora das Rochas, bem no meio da baía de Kotor, e uma das ilhas de Perast.
A Igreja Nossa Senhora das Rochas é um templo católico com aparência por muçulmana não por acaso: foi construída assim para evitar ser atacada pelo Império Otomano. Diz a lenda que a ilhota foi construída após marinheiros encontrarem ali uma estátua da virgem Maria em 1452. A partir de então, sempre que retornavam de uma viagem bem-sucedida, os marinheiros lançavam uma pedra na baía.
Seguimos rumo a Gruta Azul, fora da baía. Antes, entramos em um dos túneis para submarinos usados na Segunda Guerra Mundial. Do barco, também avistamos a Fortaleza de Mamula na ilha Lastavica – e que, atualmente, está sendo transformada em resort de luxo. A fortaleza foi considerada o ponto mais austral da K.U.K. Kriegsmarine, a marinha do Império Austro-Húngaro. Depois, foi usada como prisão fascista por Mussolini. E, infelizmente, agora por conta da construção do resort não está mais aberta a visitação.
Na Gruta Azul, foi possível dar um mergulho na beleza de imensidão azul.
O passeio pode ser reservado antecipadamente pela Civitatis. Há duas possibilidades: o passeio de duas horas, com visita a Nossa Senhora das Rochas e a vila de Perast; e o passeio de três horas, que inclui além da Nossa Senhora das Rochas, também a Gruta Azul e os túneis. O agendamento pode ser feito aqui.
5. Explorar as igrejas de Kotor
O que não faltam são igrejas em Kotor! Pequeninas, grandiosas, na trilha… Um dos destaques é a Igreja Blazena Ozana no centro antigo de Kotor. Lá estão os restos mortais da santa Blazena Ozana (ou Osanna de Cattaro) em um caixão de vidro.
6. Um banho de mar na praia
Se você visitar Kotor no verão, uma pausa em uma das praias ou píeres espalhados pela baía é essencial para lidar com o calor. Ali, pertinho do centro, há uma opção de praia sem areia, mas com pequenas pedras e águas cristalinas.
7. Conhecer o bazar
Como muitas cidades mediterrâneas, Kotor abriga um bazar onde os comerciantes antigamente faziam negócios. Hoje ocupado por barraquinhas de souvernirs, o bazar de Kotor vale uma visita rapidinha. Ele está localizado entre a Saint Claire Church e a Saint Nicholas Church.
8. Desvendar a baía de Kotor
Duas pequenas cidades nas margens da baía de Kotor geralmente são parada obrigatória de quem passa alguns dias a mais em Kotor. São elas: Lovcén e Perast.
9. Esbaldar-se com frutos do mar
Assim como outros países do Mediterrâneo, Montenegro é casa de uma gastronomia rica em ingredientes da terra como azeitonas e berinjela, mas também vindos do mar. Melhor: os preços dos pratos são relativamente mais baratos do que os países vizinhos, Grécia e Croácia.
O peixe é o carro-chefe da culinária montenegrina. A versão grelhada tradicionalmente acompanha salada de batatas e espinafre refogado. A tradicional salada Shopska sempre é uma boa pedida. Ostras e salada de polvo? Podem vir!
10. Day trips: explore as cidades vizinhas
Kotor é a cidade mais visitada de Montenegro, e também pode servir como ponto de partida para day trips para outros lugares interessantes.
Parque Nacional de Lovcén – É a montanha que deu inspiração ao nome Montenegro, por causa de suas densas florestas. É o destino perfeito para quem gosta de trilhas: no alto da trilha mais famosa está enterrado o enterrado o poeta montenegrino Petar II Petrović-Njegoš. Bônus: a estrada que vai de Kotor ao parque é cenográfica com suas curvas fechadas.
Dubrovnik – A verdade é que muita gente vem de Dubrovnik e tem Kotor como day trip. Apenas 92 km separam as duas cidades – lembre-se que Montenegro não faz parte da União Europeia e, por isso, ainda há o controle fronteiriço.
Budva – Apenas 22 km separam Budva e Kotor. Localizada na costa do país, Budva é conhecida por ser um destino de férias muito badalado. Clubes e belíssimas praias dão o tom na agitada cidade – mas eu confesso que o charme mora mesmo é na cidade antiga.
Onde ficar em Kotor?
Em Kotor, hospede-se na Cidade Velha para ficar por dentro do burburinho noturno do lugar. Os restaurantes nas praças e toda a aura de cidade medieval deixam a experiência muito mais interessante.
Nos hospedamos duas noites no Palazzo Drusko, localizado em um palazzo de pedra de 600 anos de idade bem no centro da cidade antiga. Cada quarto possui uma temática e é decorado com móveis de 150 anos de idade. Super charmoso! Apesar de não oferecer café da manhã, o hotel possui uma cozinha comunitária.
Se a sua intenção é aproveitar a baía com tranquilidade, o HUMA Kotor Bay Hotel and Villas, com uma praia privativa, pode ser uma ótima ideia. O hotel funciona como um grande clube a 3,6 km do centro histórico de Kotor.
Prefere uma vila com vista para a baía? Então dê uma olhada na Villa Me Gusto. A vila possui piscina com vista para as montanhas e a baía e hidromassagem coberta. Está a 8 km de Kotor.
Onde comer em Kotor?
Há diversos restaurantes charmosos dentro da cidade murada. O restaurante Cesarica é famoso pelos frutos do mar e tem um ótimo custo-benefício – a foto acima das lulas grelhadas foram tiradas lá!
Se procura por uma boa sobremesa ou apenas um refresco para uma tarde de calor, a Marshall’s Gelato é famosa por tem um dos melhores gelatos da cidade.
Mais informações úteis
Capital: Podgorica Língua: Montenegrino, uma língua bem parecida com o croata e o sérvio. Moeda: Euro (apesar de Montenegro – ainda – não fazer parte da União Europeia!). Clima/Quando Visitar: Julho e Agosto são os meses de alta temporada, quando o clima está seco e muito quente (e os preços estão lá no alto!). Nós viajamos em Agosto e confesso que entre 12h e 15h era muito difícil fazer qualquer atividade ao ar livre por causa do calor extremo. Maio, Junho, Setembro e Outubro são meses em que as temperaturas estão mais amenas e ainda é possível nadar, mas alguns bares e restaurantes podem estar fechados. Visto para brasileiros: Dispensa visto por até 90 dias.
Tão altas que, perto delas, nos sentimos minúsculos. As montanhas nos Alpes Italianos são um convite para trilhas exuberantes com cachoeiras, lagos de água verde esmeralda e cumes pertinho do céu. Há tempos, as Dolomitaspovoavam meus sonhos… E, em um surto de final de semana, decidimos que era hora de, enfim, dar um pulinho até a Itália – afinal, as Dolomitas ficam a apenas 330km de Munique – e explorar essa beleza toda!
Para desbravar as Dolomitas, cadeia de montanhas reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (por conta de suas belezas naturais excepcionais!), optamos pela trilha circular com vista para os três famosos picos nos Alpes Italianos — Três Cumes de Lavaredo (ou Tre Cime di Lavaredo, em italiano; Drei Zinnen, em alemão). As Dolomitas são casa de 18 picos que crescem acima de 3 mil metros de altura.
Dá para ter ideia da magnificência desse lugar?
Não sei se dá para imaginar. Mas a gente sonha.
Hiking em Três Cumes de Lavaredo
Distância: 18,35 km Tempo: 5h30 (com direito às paradas nos refúgios!) Elevação: 1217m Dificuldade: Fácil/Médio
A rota circular de hiking em Três Cumes de Lavaredo
Nossa trilha começou no vale Fischleintal (em italiano, Val Fiscalina), que pode ser alcançado de Sexten-Moos (em italiano, Sesto Moso) de ônibus ou carro. Estacionamos o carro em um parking em Fischleinboden e partimos a pé para a trilha.
Enquanto caminhamos pelo vale Altensteintal, passamos pelo refúgio Talschluss, ainda no comecinho da trilha. Mais alguns metros e seguimos a trilha com sentido a Drei-Zinnen-Hütte. Ali a subida começou!
Passamos por duas belas cachoeiras – onde você pode se refrescar, se tiver coragem. A segunda, “escondida” em um grande buraco, era particularmente encantadora.
Enfim, chegamos na área com vista para os dois lagos verde cintilantes Bödensee (Laghi dei Piani, em italiano). Ali também estava o primeiro refúgio nas montanhas de verdade: o refúgio Drei-Zinnen (2.407 m), com a maravilhosa vista para os Três Cumes. Hora de um cappuccino e apreciar a beleza da paisagem!
Seguimos a trilha 101, passando por Toblinger Riedl (ou Forcella di Toblin), e pelas belas encostas de Bödenknoten (ou Croda dei Piani) e Paternkofel (ou Monte Paterno). Dali era possível avistar outro pequeno lago de águas incrivelmente verde. A paisagem, por sua vez, era absurdamente cinza e até um pouco lunar.
Passamos pelo pequenino refúgio Büllelejoch (2.544 m) e a descida começou. Seguimos para o refúgio Zsigmondy-Comici, onde paramos para um pequeno almoço. A vista do lugar para o impressionante Einserkofel também valia alguns minutos extras para apreciação. Uma gigante e inóspita montanha cinza! Continuamos a descida com vista para o igualmente magnífico Zwölferkofel (em italiano, Cima Dodici) até chegar novamente no Vale Altensteintal.
Foram quase 20 quilômetros de uma das trilhas mais bonitas que já fiz e, apesar de torcer o tornozelo em uma queda na trilha cheia de pedras, valeu a pena!
– Água e alguns snacks – Botas de trilha – Capa waterproof – Fleece – Protetor solar – Boné – GPS * No topo da montanha o tempo pode mudar muito, muito rápido. Por isso, mesmo que a previsão do tempo garanta um dia ensolarado, não deixe de levar agasalho e calça na mochila.
Três Cumes de Lavaredo: onde se hospedar
Nos hospedamos em Sexten, na Pension im Wiesengrund, uma pensão simples com café da manhã, estacionamento e uma bela vista das montanhas, mas afastada da cidade. De manhãzinha seguimos de carro rumo ao vale Fischleintal.
Se você prefere um pouco mais de conforto, o Hotel Monika oferece spa com saunas finlandesas, piscina indoor, academia e bio sauna. Outra experiência interessante (e mais aventureira) é se hospedar no camping Caravan Park Sexten, com seus bangalôs de madeira (e kitchenette), banho turco e academia – e exatamente no lugar de onde sai a trilha!
Dica extra: alugue um carro!
Alugar um carro para viajar pelas Dolomitas é uma das melhores coisas que você pode fazer! Isso porque o caminho pela região é um parque de diversões para adultos, com pequenas cidades charmosas pelo caminho, estradas sinuosas e vistas de tirar o fôlego.
Em Korčula, criamos nosso próprio ritmo. Depois de viajar por muitas cidades em poucos dias por Montenegro e na Croácia, em Korčula decidimos relaxar um pouco e aproveitar a ilha sossegadamente. Korčula é a sexta maior ilha da Croácia, com 46.8 km de comprimento, e também o nome da pequena cidade onde nos hospedamos durante nossa curta estada de cinco dias na ilha.
Com uma bela cidade medieval murada e pequenas praias de águas calmas e cristalinas, a cidade de Korčula foi um ótimo ponto de partida para explorar o resto da ilha. Ela é cheia de história, com um ritmo pacato e pode garantir até algumas doses de aventura.
Börek, como o dia começava
Todo dia, logo de manhãzinha, era hora de enfrentar a fila para comer börek! O börek é um tipo de comida turca encontrado também em lugares ocupados pelo Império Otomano, e consiste em uma espécie de pastel com massa delicada recheado de carne, queijo ou vegetais. O börek fazia parte do prato principal dos banquetes otomanos, mas também se popularizou entre nômades e viajantes. No caminho, uma pausa para colher alguns figos fresquinhos das inúmeras árvores espalhadas pelo lugar. Então, finalmente era hora de explorar!
Explorando a cidade murada
Toda aventura em Korčula começa pela cidade fortificada. A cidade antiga possui ruas distribuídas em formato de espinha de peixe, e além dos muros, ainda mantém intactos os fortes que garantiam a proteção dos habitantes. Ali, dentro da cidade murada, você irá encontrar inúmeras referências a Marco Polo. Aí mora uma ideia controversa! Os italianos juram que Marco Polo (1254-1324) nasceu em Veneza, mas os habitantes de Korčula afirmam ali ter sido a terra natal do famoso explorador e mercador.
Korčula, uma breve história da ilha
Há vestígios de que a ilha é povoada há, pelo menos, quatro mil anos. Korčula foi uma colônia grega e ali, em Lombarda, foi encontrado o manuscrito mais antigo do território croata, datado do século IV a. C. Nele, os gregos concordavam com a construção da cidade e de uma assembleia, além da divisão de terras entre os habitantes. Depois, a ilha foi dominada pelo Império Romano e invadida diversas vezes por piratas. Fez parte ainda da República de Veneza, foi governada por austríacos e franceses – estes, responsáveis por construir estradas e fortificações. Só em 1871, depois de eleições locais, Korčula passou para as mãos croatas, que começavam a criar a ideia de identidade nacional. Depois, ainda foi ocupada pelos italianos e fez parte da Yugoslavia.
O Estatuto da cidade e da ilha, de 1214, também é considerado um dos documentos mais antigos em língua eslávica.
Passeando entre os vinhedos – e degustando bons vinhos!
Na ilha de Korčula o que não faltam são oliveiras e vinhedos. A tradição vinícola da ilha existe desde o século 4 antes de Cristo, quando ainda era ocupada pelos gregos.
A ilha é famosa pela alta qualidade do vinho branco, como o Grk que é cultivado em Lumbarda, no lado oriental da ilha, e as uvas Pošip e Rukatac, cultivadas em Čara e Smokvica. Plavac mali, por sua vez, é o vinho tinto mais comum. Por isso, vale reservar um momento na viagem para a degustação de vinhos em uma das vinícolas espalhadas pela ilha!
De lambreta até praias escondidas
Optamos por alugar uma lambreta para nos locomovermos dentro da ilha. Com ela, foi possível conhecer alguns pontos mais afastados e pouco explorados, como a praia Orlanduša, onde não há nada além da praia e alguns barquinhos de pescadores ancorados. E, se tudo der certo, pouca gente.
Ali pertinho, também existem outras praias com essa vibe mais exclusiva, como a Bačva e a Pavja. Lembre-se que as praias de pedras (e não areia!) na Croácia são muito comuns, por isso pode ser um pouco complicado caminhar descalço.
Island hopping… de caiaque!
Definitivamente, um dos passeios mais divertidos em Korčula foi nosso island hopping de caiaque. Alugamos o caiaque em uma agência de turismo no centro da Korčula e, de carro, eles nos levaram até a praia Banje, de onde era possível sair com a pequena embarcação. A partir dali, remamos até a ilha Badija, onde está o mosteiro franciscano, e também onde almoçamos.
No meu caso, a adrenalina consistia inteiramente no percurso: ao cruzarmos o estreito entre uma ilha e outra, podíamos ir de encontro às gigantescas balsas com carros e pessoas. Confesso que meu maior medo era ser atropelada por uma delas – e não o mar revolto com a chuva que se aproximava! Enfim, meu namorado não achou nada disso muito emocionante – mas só de pensar eu ainda fico bêbada de medo.
Em seguida, remamos até Otok Vrnik – minha ilha favorita. Sem carros, com chão de areia, casinhas de pedra e apenas dois restaurantes, a vila é um charme só!
Na verdade, são dois restaurantes para perfis completamente distintos: o elegante Vrnik Arts Club, que recebia gente chegando de barco-táxi só para almoçar por ali, e o restaurante Škoj, com comida caseira e de ambiente simples – mas com ótimos reviews para a salada de polvo!
Otok Vrnik além dos dois restaurantes existem duas igrejinhas pequenas e muitas casas de pedra. Encontramos algumas pessoas sentadas em banquinhos lendo livros, outras lagarteando no sol e um grupo de amigos brindando no restaurante. Sentiu a energia? Tão pertinho da civilização e a sensação era de que estávamos isolados do resto do mundo. Uma delícia! Otok Vrnik é definitivamente o tipo de lugar que eu iria para me isolar do mundo. Quero voltar!
Acho que vale sair cedinho de Korčula para aproveitar o dia nas ilhas e curtir a preguiça e o passeio sem pressa. Como deve ser.
Moreška, a tradicional dança de espadas
A Moreška é uma dança de espadas tradicional na ilha de Korčula. A dança de espadas era comum no Mediterrâneo entre os séculos 12 e 13 e apenas no século 16 começou a fazer parte da cultura de Korčula. A dança surgiu na Espanha e é inspirada na luta entre os Moros e os Cristãos, mas na Dalmácia (região que abrange territórios da Croácia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro) a dança é associada à luta contra os Otomanos. A dança desapareceu do resto do Mediterrâneo, mas há cerca de 400 anos é performada na ilha. E, por isso mesmo, ela é tão especial!
A performance do dia Sv.Todor (29/07) passou a ser feita regularmente no verão, no ‘Ljetno Kino’ (cinema ao ar livre), ali na cidade murada mesmo.
A verdade é que, à primeira vista, a ideia de ficar cinco dias na mesma ilha não me pareceu muito boa. Mas, à medida que fomos entrando no ritmo, e apreciando cada lugar de maneira menos apressada, Korčula foi se tornando uma segunda casa. Agora, tenho certeza que poderia passar ali um verão inteirinho!
Dicas de hospedagem: onde ficar em Korčula?
Korčula é uma ilha turística com uma boa variedade de tipos de hospedagem. Para ter acesso aos restaurantes e ao burburinho da vida noturna da ilha, a dica é ficar na cidade murada. Prefere um pouco mais de calma e quietude? Então alugue uma moto, se hospede mais longe da cidade e explore áreas mais afastadas de Korčula. Veja algumas boas opções de hospedagens na ilha:
O Tara’s Lodge Hotel é um charmoso boutique hotel que possui piscina e quartos com terraços com vista para o mar. Ali você poderá alugar bicicletas para explorar a região – o centro de Korčula está a 3,5km do hotel.
O Aminess Lume Hoteltem 4 estrelas e está localizado no povoado de pescadores de Brna. Tem piscina ao ar livre com terraço, restaurante… Mas o charme mesmo mora no pequeno píer que dá acesso ao mar.
Prefere se hospedar em uma antiga casa de pedra? AStone House Gregov é uma opção mais em conta, que oferece bicicletas e estacionamento privativo gratuitos. A casa de pedra está localizada em Lumbarda e tem um píer que dá acesso ao mar.
Agende um tour guiado em Korčula
Se você tem pouco tempo ou prefere um tour guiado em Korčula, vale agendar um tour com antecedência, uma vez que a cidade pode ficar lotada em alta temporada. O tour começa nas escadarias da cidade murada e explora pontos turísticos como a Catedral de São Marcos, a torre Veliki Revelin, o palácio Gabrielis e até a provável casa de nascimento de Marco Polo.
Vou começar esse post com uma confissão: Montenegro nunca esteve na minha bucket list. É, a ignorância pode fazer a gente perder oportunidades bonitas do caminho! Lição aprendida. A ideia de visitar o país surgiu quando as restrições por causa do corona vírus começaram a serem aliviadas neste verão de 2020. Decidimos que era hora de viajar para um lugar com praia e aproveitar alguns dias de sol. Então elaboramos um roteiro de viagem que juntasse dois países vizinhos: Montenegro e Croácia.
Sempre lotada na alta temporada, a Croácia é o tipo de lugar que a gente costuma passar bem longe em nossas viagens. Mas, por causa do Covid-19, as cidades antes dominadas por cruzeiros e turistas do mundo inteiro agora estariam vazias apenas com turistas europeus. Enfim, era a chance perfeita para conhecê-la de uma maneira mais tranquila!
Mas ainda faltava uma pitada de interessância nesse roteiro de verão, sabe? Um lugar que fosse capaz de nos surpreender, de um jeito ou de outro. Olhamos no mapa e lá estava ela, a bela Montenegro – desconhecida (por nós, é claro), convidativa e cheia de história. Por isso, decidimos assim: ficaríamos uma semana em Montenegro e então partiríamos para outra semana na Croácia.
Nosso roteiro de viagem em Montenegro começa aqui!
Como chegar em Montenegro?
Chegamos em Montenegro em um vôo direto de Stuttgart, na Alemanha, para Podgorica, capital do país balcã. Ali mesmo, alugamos um carro e partimos para explorar a região.
Alugar um carro é a melhor maneira de viajar em Montenegro, já que o transporte deixa a desejar e isso pode dificultar a locomoção entre um lugar e outro. Um bom exemplo dessa dificuldade: aguardamos um bom tempo pelo ônibus que nos levaria do aeroporto de Kotor até a cidade mas, no final, tivemos que pegar carona na estrada.
Viajar de carro em Montenegro: Adriatic Highway e as sinuosas estradas montenegrinas
As estradas de Montenegro pedem experiência e muita atenção no volante. São sinuosas e, muitas vezes, perigosas. São estradas de montanha, com muitas curvas e geralmente tem pista simples. Às vezes é preciso buzinar nas curvas para evitar uma colisão frontal.
A boa notícia é que Montenegro é um país de dimensões pequenas: tem apenas 13,8 mil km² (ou cerca de duas vezes o tamanho da região metropolitana de São Paulo!). Com as distâncias curtas, fica muito mais fácil viajar pelo país inteiro conhecendo os principais pontos turísticos.
Bate-volta x viagem longa: qual vale a pena?
Muita gente coloca Montenegro (geralmente, apenas Kotor e Budva) no roteiro de viagem como uma day trip a partir de Dubrovnik, na Croácia. Mas, olha, você vai ver que vale a pena sim uma viagem de carro mais longa pelo país.
Uma semana em Montenegro: o que visitar?
Com montanhas escarpadas, fiordes, praias de areia branquinha e um mar de águas cristalinas, Montenegro é um país de belezas naturais estonteantes. E história também!
Breve história de Montenegro
Os nomes do país, tanto Montenegro (do italiano veneziano) quanto Crna Gora, significam “Montanha Negra”, em referência ao Monte Lovćen, coberto por florestas muito densas, e que funcionou como fortaleza nos séculos de luta com os turcos.
Durante a Idade Média, três principados eslavos estavam localizados onde hoje é Montenegro: Duklja, Travunia e Rascia. Com a luta de poder pela nobreza, os principados foram enfraquecidos e dominados pelo Império Sérvio. O nome Montenegro foi usado pela primeira vez para se referir ao país apenas no final do século 15. Entre 1496 e 1878, o território foi tomado pelo Império Otomano.
Muitas rebeliões aconteceram até que Montenegro reconquistasse sua independência, se tornando primeiro uma teocracia e depois um principado. Em 1910, o território virou um reinado, quando o Império Otomano perdeu a maior parte de suas terras nos Balcãs. Após a Primeira Guerra, Montenegro se tornou parte da Iugoslávia. Com o fim da Iugoslávia, Montenegro e a Sérvia declararam que seriam uma federação. Em 2006, após um referendo, Montenegro declarou sua independência. Os montenegrinos são muito orgulhosos de toda a sua história de luta e o que não faltam são histórias de como eles venceram batalhas contra o Império Otomano!
Focamos nossa viagem na costa do país, mas é importante ressaltar que a parte continental de Montenegro também guarda lugares que valem a pena visitar, como o Monastério de Ostrog e o parque nacional de Durmitor, Patrimônio Natural da Unesco, e onde está Bobotov Kuk, uma das montanhas mais altas do país com 2523 m de altitude.
Lago Skadar e suas montanhas
Saímos do aeroporto de Podgorica e seguimos para Virpazar, pequena vila nas margens do Lago Skadar. Ali, decidimos fazer um passeio de barco pelo lago (25€ o casal + 4€ por pessoa, valor da entrada do parque). O passeio durou cerca de duas horas e pudemos ver pelicanos e até nadar.
De lá, seguimos para uma estradinha cheia de curvas com vistas impressionantes para um braço do Lago Skadar, o Pavlova Strana Viewpoint, perto de Rijeka Crnojevica. Do mirador, era possível ter a vista de uma das paisagens mais lindas do país com suas montanhas escarpadas sobre o terreno alagado.
Em Virpazar, além de passear de barco, tomamos um café-da-manhã/almoço com comidas tipicamente montenegrinas.
Budva, centro histórico medieval e belas praias
No mesmo dia, seguimos para Budva, onde passamos a noite. O centro histórico de Budva é uma graça, com suas casinhas de pedra (dominadas por lojinhas e restaurantes) e as praias de águas cristalinas – mas tomadas por bares com guarda-sol. Budva é famosa por seus clubes e festas e ali, assim como em Hvar na Croácia, atracam iates do mundo todo.
Budva é o destino turístico mais popular de Montenegro – mas, na minha opinião, não é nem de longe o mais charmoso. É um balneário muito turístico e perfeito para quem ama festas, apesar de possuir uma história riquíssima.
Budva é uma das cidades mais antigas do mar Adriático: sua história remonta ao século 5 antes de Cristo. No século 2 a.C., Budva foi dominada pelos romanos. Depois, com a queda do Império Romano, Budva fez parte do Império Bizantino. Foi ainda dominada pelo Império Servo, fez parte da República de Veneza e lutou contra os turcos. Enfim, história não falta!
Duas ótimas opções de hospedagem em Budva são o Fontana Hotel & Gastronomy e o Hotel Majestic, localizados pertinho do centro histórico. Outra opção mais em conta e com atendimento familiar (mas um pouco mais afastada do centro) são os Apartment Mikovic – nossa escolha em Budva.
A badalada Sveti Stefan
Partimos de Budva em direção às praias de Ulcinj e no caminho paramos para apreciar a beleza de Sveti Stefan. A apenas 6km de Budva, Sveti Stefan é uma ilhota com uma vila de pescadores fortificada datada do século 15 transformada em hotel de luxo, com spa e restaurantes. Entre as propriedades do hotel também está a Villa Milocer, datada do século 19, em terra firme.
Se sua intenção é passar o dia em Sveti Stefan mas sem se hospedar por lá, vale a pena fazer uma reserva em um dos restaurantes do lugar para conhecer as estruturas históricas.
Kitesurfer? Seu lugar é em Ulcinj!
Ulcinj é uma cidade bem ao sul de Montenegro, pertinho da fronteira com a Albânia. O lugar é famoso por causa de Velika plaža, uma praia de areias branquinhas com 12 quilômetros de extensão e considerada o melhor destino para kitesurf dos Balcãs.
Por lá, kitersurfers do mundo inteiro aproveitam os ventos fortes para aprender e treinar o esporte – e foi exatamente isso que o meu namorado foi fazer ali! Enquanto isso, eu aproveitava a vasta estrutura de bares e restaurantes a beira-mar para trabalhar com meu laptop. Wi-fi, a deliciosa salada sopska e uma limonada, o que a gente pode querer mais da vida?
A cidade antiga de Ulcinj
Apesar de famosa por sua praia, Ulcinj não se resume a isso. Ulcinj é a cidade mais antiga de Montenegro e, claro, também abriga uma cidade antiga, que aguarda o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A cidade fortificada data da Idade Média, mas os muros de Cíclope indicam que as primeiras ocupações aconteceram entre os séculos 4 e 5 a.C. E como não poderia deixar de ser, os venezianos também passaram por ali. Entre os anos 1421 e 1571, eles dominaram a cidade e construíram rampas, portões e a torre. A cidadela ganhou palácios, igrejas e praças góticas e renascentistas. Sob o domínio turco, Ulcinj também se transformou, e essas referências orientais aparecem em construções de pedras cortas e quebradas.
Lendas e mistérios
Diz a lenda que Miguel de Cervantes foi preso e escravizado em Ulcinj. Se isso é verdade, ninguém sabe. A lenda se baseia no fato de que Dulcineia, o amor de Dom Quixote era de… Ulcinj!
Onde comer em Ulcinj?
A verdade é que assistir o pôr-do-sol em um dos restaurantes de Ulcinj Stari Grad (“Stari Grad” é o termo montenegrino para cidade antiga) é uma das melhores coisas que você pode fazer! E uma das mais românticas também. Jantamos no restaurante Antígona, com vista para o penhasco à beira-mar. Optamos por um menu variado com frutos do mar e vinho branco da casa. O atendimento também foi super especial. Uma delícia!
A hedonista Ada Bojana
Outro dia, jantamos em um restaurante nas proximidades da Ilha Bojana (ou Ada Bojana, em montenegrino), bem na fronteira com a Albânia, no delta de um rio.
Ali, há uma variedade extensa de restaurantes em casinhas palafitadas na beira-rio. Nosso escolhido foi o restaurante Misko, o primeiro e mais antigo restaurante de Ada Bojana. O lugar é um salão fechado com vista para o rio. E, apesar de o serviço ser um pouco demorado, os frutos do mar eram uma delícia. Nossa escolha: lulas grelhadas e risoto negro com frutos do mar.
O pôr-do-sol em Ada Bojana também é uma coisa de lindo! Importantíssimo: não se esqueça de levar repelentes. Para quem é mais livre, em Ada Bojana existe um resort naturista, de frente para a praia de areias branquinhas. O paraíso para quem quer relaxar e viver a vida offline.
Onde se hospedar em Ulcinj
Passamos quatro noites hospedados em Ulcinj, uma vez que meu namorado queria praticar kitesurf. Optamos por uma cabana do Holiday Park Olive Tree, uma propriedade relativamente isolada (para chegar à cidade é preciso passar por estradas de terra), com oliveiras e algumas cabanas de madeira. O dono do lugar nos contou que a propriedade está com a família dele há cerca de 400 anos! Enfim, é o ambiente perfeito para quem busca férias tranquilas e longe do burburinho.
Stari Bar: uma cidade antiga abalada por terremoto
Diferentemente de Kotor e Budva, a cidade antiga de Bar (chamada Stari Bar pelos montenegrinos) não está localizada na costa. Por uma simples razão: quando localizada na costa, a cidade era constantemente atacada por piratas. A solução foi então construí-la em uma parte alta, a cerca de 5 km da praia. Hoje, a vila medieval se encontra em ruínas, mas definitivamente vale a pena a visita. Metade de um dia é o suficiente para conhecer o lugar.
Antivari (como a cidade é chamada em italiano) era parte do Império Bizantino e também já foi anexada pela República de Veneza, até ser tomada pelo Império Otomano, em 1571. Entre 1876 e 1878, a cidade foi destruída na Guerra Montenegrina-Otomana. Em 1878, os montenegrinos detonaram 225kg de explosivo para destruir o aqueduto, cortando o fornecimento de água do lugar e fazendo com que os oponentes, ali encurralados, se rendessem. Por ter sido dominada por diferentes povos, é possível encontrar nas ruínas os restos de edificações de diferentes tipos arquitetônicos.
Cem anos depois, em 1979, o forte terremoto que atingiu Montenegro destruiu novamente o aqueduto que abastecia Stari Bar. Então, a população abandonou a cidade antiga para se instalar na costa e nas proximidades do porto. Mas com a reconstrução do aqueduto, a região passou a ser novamente ocupada.
Agora, na cidade baixa (conhecida como Podgrad), localizada na base da fortaleza, há uma série de pousadas, lojinhas de souvenir e restaurantes super charmosos – mesmo! É uma de-lí-cia ficar ali!
Nós almoçamos no Konoba Bedem, um restaurante casual com decoração colorida e ambiente descontraído. Além das delícias gastronômicas de Montenegro, ali também bebemos o típico suco de romã da região (mas o lugar oferece também cerveja e vinho de romã). As lojinhas da rua também vendem xaropes de romã, mel, vinho e azeite da região.
Nas proximidades de Bar também está a Stara maslina, uma das oliveiras mais antigas do mundo. Dizem que a árvore de dez metros de circunferência tem mais de 2 mil anos de idade – e é considerada uma das 3 oliveiras mais antigas do mundo! Ali, famílias que brigavam costumavam fazer acordos de paz. A Stara maslina está localizada em um parque, cuja a entrada custa 1 euro, a cerca de 5km de Bar. Enfim, essa é uma daquelas paradas típicas de road trip que valem para matar a curiosidade!
A majestosa Kotor
Kotor (ou Cattaro, em italiano) foi nossa última parada em Montenegro e também o meu lugar preferido no país. Eu amei tanto Kotor que acho que a cidade merece um post especial! A razão? Bem, Kotor é (mais?) uma cidade fortificada na costa dos Balcãs (assim como as já citadas Budva, Ulcinj e Bar, e também outras como Dubrovnik e Korcula, na Croácia).
Bem, cada cidade fortificada é dona de uma beleza ímpar, e a beleza de Kotor mora na localização privilegiada: Kotor está na Baía de Boka, uma baía com fiordes. Sim, FIORDES! Os fiordes mais setentrionais da Europa, aliás.
A maneira como as montanhas escarpadas crescem sobre o mar de águas cristalinas e as construções mediterrâneas (com um toque veneziano) dão uma beleza quase que sobrenatural para o lugar. Palmeiras, flores, veleiros… Uma beleza idílica. A cidade ainda conta com uma cidade medieval muito bem preservada e que também é Patrimônio da Unesco.
Dali, seguimos para a Croácia e, no caminho, vivemos uma odisséia. Por causa do COVID, as fronteiras terrestres entre os dois países estavam fechadas. Táxis e ônibus saindo de Montenegro não podiam entrar na União Europeia. Tivemos que atravessar os quase 3km fronteira a pé, subindo o morro, com malas, em uma pista sem acostamento e no calor de 35 graus. Mas isso é assunto para a mesa de bar! haha
Informações úteis sobre Montenegro
Capital: Podgorica Língua: Montenegrino, uma língua bem parecida com o croata e o sérvio. Moeda: Euro (apesar de Montenegro – ainda – não fazer parte da União Europeia!). Clima/Quando Visitar: Julho e Agosto são os meses de alta temporada, quando o clima está seco e muito quente (e os preços estão lá no alto!). Nós viajamos em Agosto e confesso que entre 12h e 15h era muito difícil fazer qualquer atividade ao ar livre por causa do calor extremo. Maio, Junho, Setembro e Outubro são meses em que as temperaturas estão mais amenas e ainda é possível nadar, mas alguns bares e restaurantes podem estar fechados. O inverno, entre Novembro e Abril, é a temporada perfeita para quem ama esquiar! Visto para brasileiros: Dispensa de visto, por até 90 dias.
É verão na Europa! E o Algarve é aquele tipo de lugar que dá vontade de voltar todo ano. Essa região do sul de Portugal é casa de comidinhas deliciosas (em cada esquina há um pastelzinho de nata te convidando para uma pausa para o café!), praias de tirar o fôlego, centros históricos pra lá de charmosos, clima solar e preços bem mais amigáveis do que outros países europeus. Tem também aquela sensação de que você está visitando um pedacinho do Brasil e até dá para se sentir em casa. Resumindo: se você procura um bom lugar para passar o verão na Europa, não deixe de visitar o Algarve!
Fui pela terceira vez para o Algarve e tive diferentes experiências. A primeira vez me hospedei em Faro, a segunda em Portimão e a terceira em Fuseta (em breve em um outro post!) e Lagos. Também passei um dia em Albufeira e… Bem, o que eu posso dizer é que entre as cidades algarvias que eu conheço, Lagos é de longe a minha preferida. E o motivo é bem simples: apesar de super turística e bem mais cara do que as outras cidades da região (e cheia de ingleses), Lagos é dona de algumas das praias mais lindas do Algarve. Melhor: dá para conhecer várias delas a pé!
Mapa: conhecendo as praias de Lagos a pé
Comecei o passeio pela Praia da Batata, a mais feinha de todas, confesso – mas que funciona como um aquecimento, vai. Ela fica pertinho do centro da cidade e por isso mesmo é um começo mais do que justo. Seguindo, está a Praia dos Estudantes. Pequena, mas com os famosos penhascos dourados começando a ganhar majestade. Na Praia da Batata existe um túnel entre as pedras que liga uma praia a outra.
Lagos: as praias mais bonitas do Algarve
Agora sim as praias começam a ficar bonitas de verdade! Próxima parada: Praia do Pinhão. As águas claras e os penhascos já mostram porque o Algarve é um dos destinos mais famosos quando o assunto é praia.
Praia da Dona Ana
A praia Dona Ana é o lugar perfeito para você estender sua canga na areia e curtir o vai e vem das ondas sem pressa. Isso porque a extensão de areia disponível é maior do que nas outras praias. Boa notícia: você não tem que disputar espaço com muita gente!
Praia do Camilo
Talvez aqui tenha sido criada uma das minhas definições pessoais de paraíso. As águas da Praia do Camilo são verdes e cristalinas… De tão calminho, o mar até parece uma piscina. As falésias douradas emolduram a faixa de areia disponível – que é bastante disputada.
É definitivamente minha praia preferida e talvez a praia que seja o maior símbolo de toda a beleza do Algarve. Uma escadaria de madeira abre o caminho do topo das falésias até a praia e é um dos pontos mais famosos para tirar fotos do lugar. Existe um restaurante no topo da falésia para quem deseja fazer uma parada para o almoço, mas ali embaixo nadinha… Só a natureza!
Transporte no Algarve: como montar um roteiro
Uma das melhores maneiras de viajar no Algarve é por meio de comboio – ou, em português brasileiro, de trem. O preço das passagens é barato e o serviço é OK (prepare-se para atrasos recorrentes de poucos minutos). E quando eu digo que o valor das passagens de trem no Algarve é barato, é barato mesmo! Olha só: de Olhão a Fuseta pagamos € 1,45, de Faro a Fuseta € 2,15, e de Faro a Lagos entre € 6 e € 11 (por 1h 45 de viagem). A velocidade dos trens, no entanto, é baixa e por isso a viagem pode ser sim cansativa. Mas, acredite, vale a pena!
Outra maneira muito popular para viajar no Algarve é alugando um carro. Esta era uma das nossas opções, mas mudamos de ideia porque não teríamos tempo hábil para conhecer as praias mais remotas. Mas se você pretende conhecer a famosa Praia da Marinha, definitivamente alugar um carro é uma ótima escolha!
Aeroporto no Algarve: aterrisse em Faro
Se você está se perguntando qual a maneira mais fácil de se chegar em Lagos e nas praias mais bonitas do Algarve, a dica é aterrissar no aeroporto de Faro. Ali, pousam companhias áreas budget friendly como a Ryanair e EasyJet, e outras grandes como TAP, Lufthansa, British Airways e Eurowings. E mais boa notícia: o aeroporto só fica a dez minutos do centro da cidade.
De Sevilha ao Algarve de ônibus
Se você está viajando pela Andaluzia e é que nem eu e sempre está buscando um bom motivo para emendar uma viagem na outra, pode ser uma boa ideia pegar um ônibus em Sevilha com destino a Faro. Você encontrará passagens que custam entre € 10 e € 30 e a viagem dura, em média, 2h30.
Onde se hospedar no Algarve?
A hospedagem no Algarve é relativamente barata – pelo menos fora de julho e agosto, altíssima temporada. Vou contar minha experiência em três cidades distintas e em diferentes tipos de hospedagem (porque sou dessas, hahaha):
Hostel bem localizado em Faro
Aqui foi a primeira vez que visitei o Algarve. Escolhi Faro por conta da proximidade do aeroporto, mas sofri com a distância da cidade e das praias mais bonitas. Por exemplo: inventei de conhecer Albufeira na manhã que tinha um vôo a tarde e quase perdi o vôo, porque o sistema público de transporte não é lá muito eficiente. Me hospedei no Le Penguin Hostel, um hostel super gracinha no centro da cidade com café da manhã incluso. O atendimento poderia ter sido mais simpático, mas a estrutura do lugar era boa, o hostel era limpinho e bem localizado.
Portimão: versão contos de fadas
Na minha segunda vez no Algarve decidi que deveria ficar mais perto das praias mais bonitas. Portimão parecia uma ótima ideia… E foi, em termos. É que ainda assim a viagem de Portimão a Lagos, onde estavam as praias incríveis que eu queria conhecer, era bastante cansativa. Esses comboios cansam, viu?
A boa notícia é que Portimão também tem praias lindas, como a Praia dos Careanos. Melhor: o custo-benefício aqui, se comparado a Lagos, foi extremamente bom. Fiquei em um dos quartos mais legais que já me hospedei na vida. Paguei apenas € 20 no Hotel Made Inn em um quarto inspirado em contos de fadas e com café da manhã incluso.
Lagos: hotel pertinho de tudo
Para quem prefere ficar pertinho de onde tudo acontece, Lagos é o lugar! A cidade é recheada de bons restaurantes, cafés, tem uma marina gracinha, vida noturna agitada (é lotada de ingleses à procura de badalação!)… E, claro, paga-se por isso.
Ficamos no Lalitana, uma guest house bem no centro da cidade. Com apenas seis quartos, a Lita, dona simpática do lugar, toma conta de tudo pessoalmente. O quarto era pequeno e o banheiro compartilhado. O preço? Pagamos € 70 a diária. Um café da manhã bem simples estava incluso, mas a guest house também oferece aulas de yoga, passeios na natureza… Na parte térrea, o Lalitana ainda conta com um restaurante vegetariano que é muito famoso em Lagos. Infelizmente, chegamos na segunda-feira e ele estava fechado. O menu parecia recheado de delícias… Fica para a próxima!
A melhor época para visitar o Algarve
Sempre visitei o Algarve em junho, que considero uma ótima temporada, porque combina bons preços, clima bom e lugares menos cheios. Nos meses de julho e agosto o Algarve é lotado, os preços sobem e até estender a canga na areia e conquistar um lugarzinho sob o sol fica difícil!