7 passeios para explorar o melhor da Costa Blanca, na Espanha

Vista do Montgó, na Costa Blanca, Espanha_

Famosa por seus penhascos e praias de águas cristalinas, a Costa Blanca, na Espanha, é um disputado destino de verão. Nessa época do ano, os inúmeros hotéis e casas de temporada são ocupados por, em sua maioria, turistas espanhóis, ingleses e alemães, e as cidades da costa ganham outra energia – menos pacata, e mais festiva. As praias ficam lotadas e pode ser difícil encontrar um espaço na areia para estender a canga.

Mas, felizmente, esse não foi o nosso caso: neste mês de maio passamos duas semanas hospedados na casa de um amigo em Pedreguer, nas proximidades de Dénia. De lá, fizemos home office quando as cidades ainda estavam vazias de turistas e o clima ameno (alguns dias chuvosos, é verdade). Alugamos um carro no aeroporto de Alicante e, tendo Dénia como base, exploramos a região no tempo que tínhamos disponível. O clima de maio foi perfeito para fazer trilhas e deu para explorar as atrações da Costa Blanca sem tumulto… Quer dizer, a maioria das atrações.

A Costa Blanca consiste na costa do Mediterrâneo situada a partir da província de Alicante e se estende até o município de Dénia, na Espanha – são cerca de 250km de costa. Ela é famosa pelas praias e turismo gastronômico, mas também é riquíssima em história. Sim, a Costa Blanca é lar de mais de 100 castelos, além de montanhas com cavernas e pinturas rupestres. Abaixo, listei as 7 melhores coisas para fazer na Costa Blanca:

1. Visite Dénia, coração da gastronomia da Costa Blanca

O que fazer em Dénia

Dénia era a cidade mais próxima da casa onde ficamos e, por isso, também foi a cidade que melhor conhecemos. Dénia é famosa por ser um destino gastronômico na região e também é casa do Castelo de Dénia, uma construção com mais de dois mil anos de história em um pequeno monte de 60 metros de altura bem no centro da cidade. A fortificação tem origem muçulmana andaluza e data dos séculos 10 e 11, mas há vestígios encontrados do período romano.

Lá do alto, é possível apreciar a vista do centro histórico de Dénia, da marina da cidade e do exuberante Montgó, um maciço com 753 metros de altitude que marca o skyline da região. A subida ao castelo deve ser feita a pé e a entrada custa 3 euros. O castelo está em ruínas, mas guarda uma história interessante e você tem acesso à história do castelo em uma pequena exposição em uma das torres.

Entre os passeios mais famosos de Dénia estão o tour de caiaque nas cavernas da costa, a trilha no Montgó e o passeio de bike pelo Camì de la Colonia.

Onde comer em Dénia: melhores restaurantes e arrocerías

  • DeniArròs Les Marines Um restaurante tradicional frequentado por famílias espanholas e bastante disputado no almoço de domingo. No menu do dia, são oferecidas 3 entradas, você pode escolher o prato principal (arroz a banda, paella valenciana ou fideuá, por exemplo), sobremesa ou café. O pan y alioli vem fresquinho para a mesa – uma delícia! O preço? Cerca de € 15. Muito justo!
  • Els MagazinosUm agitado food hall com cerca de 20 opções de taperias para todos os gostos. É também um ótimo lugar para tomar uma sangría no fim de tarde acompanhada de deliciosos petiscos espanhóis, como croqueta de jamón. O Els Magazinos fica pertinho do centro histórico.
  • Republic, na Marina de Dénia – Um restaurante e lounge bar perfeito para um almoço ou jantar com uma bela vista para o Montgó e para a marina de Dénia. Aqui o menu custou cerca de € 24, e seguiu uma degustação com diferentes pratos, como guioza de frango ao curry.
  • Carrer de Loreto – Se você está passeando pelo centro histórico de Dénia, a Carrer de Loreto é a rua que abriga uma enorme variedade de restaurantes. Vale dar uma conferida nos menus do dia oferecidos e escolher o que mais te agrada.

Onde se hospedar em Dénia

Costa Blanca, Espanha - Dénia
Costa Blanca, Espanha – Dénia

Os arredores de Dénia são povoados por colônias de casas de temporada, mas há também a opção de hoteis no centro da cidade se você prefere estar por perto do burburinho. A Posada del Mar é um dos hotéis mais tradicionais da cidade: bem de frente ao mar e bem aos pés do Castelo de Dénia. Já o Soul Beach Hotel é uma opção com uma pegada mais moderna e com os pés no mar, mas afastada do centro de Dénia. Bem no coração do centro histórico de Dénia está o hotel boutique Nou Roma, que oferece em seu restaurante pratos locais feitos com ingredientes orgânicos.

2. Faça uma trilha no Parque Natural do Maciço de Montgó

Localizado entre Xábia e Dénia, o Montgó é uma montanha de 753 metros de altitude impossível de passar despercebida. Resultado do choque das placas tectônicas da Europa e da África, o Montgó é também um ótimo passeio na Costa Blanca para quem ama natureza ou montanhismo. De lá do alto, as paisagens são deslumbrantes e, definitivamente, valem a pena o esforço do caminho – que é salpicado de belas paisagens!

Breve história do Montgó

O Parque Natural do Maciço de Montgó ainda é riquíssimo em história: existem evidências de que há 30 mil anos a Cova del Montgó, a 450 metros acima do nível do mar, foi ocupada por colonos – por lá, existem também inscrições romanas. Na Cova del Barranc del Mig, por sua vez, foram encontradas pinturas rupestres, túmulos do Neolítico, vasos de cerâmica e pontas de flechas. No Montgó ainda existem ruínas de construções do século 6 a.C. e moinhos de vento que datam do século 14 ao 18. E, pasme, até um tesouro com moedas de prata e ouro por ali foi encontrado!

Trilha no Montgó

Em nossa trilha no Montgó, alcançamos a cruz, também conhecida como “La Creueta” – mas que não é o ponto mais alto da montanha. Da cruz é possível ter a vista uma bela vista da marina e de toda a cidade de Dénia. Os mais corajosos podem seguir o caminho acima das montanhas até Cima del Montgó, o ponto mais alto, com 753 metros de altitude.

Começamos a trilha no final da manhã, e confesso que o sol a pino atrapalhou um pouco. O percurso total foi de 8,9 km, com 562 metros de elevação e durou cerca de 2h50. A trilha não é difícil – mediana, eu diria. Apenas de muitas pedras por todo o caminho, ela fica mais difícil, de fato, no último trecho de 100 metros até a cruz, no qual é preciso muitas vezes usar as mãos para não se desequilibrar entre as pedras – que cortam de verdade.

Dicas práticas para visitar o Montgó

Prefira fazer a trilha no Montgó pela manhã, use botas de montanha e não se esqueça de levar água, snacks e protetor solar, uma vez que não há nenhuma infra-estrutura no percurso. Eu recomendaria ainda ir de calça: a vegetação tem muitos espinhos e usar shorts é garantia de sair com a pele toda arranhada. Também esteja preparado para chuvas: por ali são comuns chuvas muito concentradas e nebulosidade.

3. Aprecie a vista de Jávea e as falésias do Cabo de San Antonio

O Cabo de San Antonio é o local ideal para apreciar a beleza da baía de Jávea. É possível chegar até o Cabo de San Antonio de carro ou a pé, em uma caminhada de 14km que leva entre 4 e 5 horas e começa no porto de Jávea. No caminho, o conjunto de moinhos de vento – sendo o mais antigo do século 14!

Nas margens do Cabo de San Antonio estão muitas cavernas, que podem ser acessadas por meio de barcos e caiaques, e uma reserva marinha, perfeita para ser explorada com snorkel.

Curiosidade: o Cabo de San Antonio é o ponto em terra mais próximo de Ibiza – e, nos dias claros, dá até para ver a ilha a partir do farol!

4. Almoce com vista para os penhascos

Viajar pela Costa Blanca consiste basicamente em se encantar com as vistas dos penhascos que encontram o mar de águas azuis e cristalinas. Por isso, um restaurante com uma vista de tirar o fôlego não poderia ficar de fora de um roteiro de viagem por essa região da Espanha, né?

Em um almoço de domingo, conquistamos um espaço no disputado restaurante Mirador de Jávea. Optamos por um menu do dia com a paella de mariscos como prato principal. Ventava muito no dia e por isso a área externa estava fechada, infelizmente.

5. Em Calpe, suba o Penyal d’Ifac – com um pouco de drama!

A paisagem de Calpe é famosa por uma enorme pedra que cresce sobre o mar: o Penyal d’Ifac, uma rocha calcária de 332 metros de altura. A vista do Parc Natural del Penyal d’Ifac é provavelmente a mais bonita que você terá nessa viagem – mas, acredite, tudo tem um preço! Não por acaso o Penyal d’Ifac é o cartão-postal da Costa Blanca.

A trilha começa em uma estrada de pedras que leva até um túnel de pedra, onde é preciso se segurar em correntes para não tropeçar no chão irregular. Depois, o caminho complica: caminhos à beira de precipícios, muitas pedras, trechos bem íngremes e uma trilha com pouquíssimas demarcações.

O acesso com crianças pode ser feito até o túnel. A partir dali, o acesso fica a proibido para menores de 18 anos, por causa da periculosidade da trilha. Se as pessoas respeitam as regras? Não. E, sinceramente, me incomodou muito a maneira como muita gente lidava com a trilha. Crianças se desequilibrando, pessoas com animais de estimação e muita gente com sapatos inapropriados (como havaianas!). Gente com ataque de pânico e chorando no meio do caminho.

Apesar de fora de temporada, a trilha estava lo-ta-da, e era muito difícil cruzar alguns trechos em que era preciso se segurar em correntes. Não havia nenhum controle e claramente não era possível esperar o bom senso – apesar das inúmeras placas assinalando as proibições. Resultado: não me senti segura naquela situação e desisti da trilha na metade do percurso – mas o namorado seguiu e pôde tirar as fotos bonitas que ilustram esse post!

A entrada para o Parc Natural del Penyal d’Ifac é gratuita, mas nos meses de verão é preciso fazer agendamento prévio para percorrer a trilha da Rota Vermelha, que leva até o cume. Em alta temporada, o acesso fica restritos a apenas 300 visitantes por dia.

Depois da trilha, nossa próxima parada foi se refrescar na Platja de la Fossa, ali ao lado do Penyal d’Ifac. A Platja de la Fossa tem uma longa faixa de areia e é povoada por prédios – que, definitivamente, deixam o lugar pouco charmoso. Mas ali no cantinho, nas proximidades do Penyal d’Ifac resistem três casinhas bem em frente ao mar. E ali escolhemos estender a toalha e dar um mergulho nas águas geladas do Mar Mediterrâneo.

Outros pontos turísticos interessantes em Calpe: La Muralla Roja, um projeto pós-modernista de apartamentos do arquiteto Ricardo Bofill construído em 1973 (o lugar não é aberto para acesso ao público, por isso vale alugar um apartamento no complexo para conhecer a obra do arquiteto e garantir algumas fotos) e Los Baños de la Reina, piscinas naturais escavadas em rocha onde funcionava uma antiga fazenda de peixes romana. Ali, é possível nadar entre as ruínas romanas – incrível, não?

6. Explore as salinas de Santa Pola

E já que está ali pertinho, por que não conhecer as salinas de Santa Pola? As salinas que hoje fazem parte de uma reserva natural, são essencias a história da região. O parque contém um museu (Museo de la Sal) que explica de maneira didática a importância do sal para Santa Pola desde o período romano. Por ali, habitam flamingos e inúmeros tipos de aves. Para tirar boas fotos das salinas (que ganham tons de azul e rosa), estacione o carro na Torre del Tamarit.

7. Relaxe nas melhores praias da Costa Blanca

Infelizmente, a temperatura de início de maio não é particularmente favorável para quem quer conhecer muitas praias. Mas em um dia excepcionalmente quente, nós visitamos uma das praias mais bonitas que eu já fui: Granadella! Com um pequeno trecho de pedras brancas e águas azuis cristalinas (que provavelmente deve ser muito disputado no verão), a praia oferece uma infra-estrutura mínima, com alguns restaurantes e hotéis. Longe de tudo, eu achei o lugar bem charmoso e, definitivamente, voltaria para me hospedar por ali.

Toda a beleza de Granadella, na Costa Blanca

Para quem gosta de trilhas, há ainda a opção de subir até o castelo de Granadella e apreciar a vista dos penhascos que circundam a praia. Na minha lista ainda estava a Cala del Moraig, que ficou de fora do roteiro por falta de tempo.

A costa da Espanha é particularmente deslumbrante e guarda muitos lugares especiais – e nem tão famosos assim. Além da Costa Blanca, vale conhecer Valencia e (por que não?) subir mais um pouquinho e ir até Barcelona ou Tarragona, lar de vinícolas e joias como Cartoixa d’Escaladei. Definitivamente, faria o roteiro de uma viagem de carro pela costa da Espanha bem interessante – e recheada de paisagens maravilhosas!

Dicas úteis sobre a Costa Blanca
Melhor época para viajar:
Na alta temporada (julho e agosto), os hotéis ficam lotados e o clima é bastante quente e seco – pode ser difícil fazer passeios ao ar livre. Mas, se sua intenção é se refrescar no Mediterrâneo sem congelar, a melhor época do ano para visitar a Costa Blanca é de julho a setembro (quando a temperatura da água é 25°C, em média).
Moeda: Euro
Aeroportos na região: Alicante e Valencia
Se pretende conhecer as ilhas baleares (Maiorca, Minorca, Ibiza e Formentera), saiba que do porto de Dénia partem balsas rumo a Ibiza, Formentera e Maiorca. Se essa for sua intenção, a Mara do blog La Vida es Mara escreveu sobre o que fazer em Formentera, a ilha mais paradisíaca das Baleares. Vale dar uma conferida!

Trilha do Bonete, em Ilhabela: tudo o que você precisa saber

Trilha do Bonete Ilhabela - Vista do Mirante

Antes mesmo de conhecer Ilhabela, a fama da Trilha do Bonete já havia chegado até mim: diziam por aí que era longa, difícil e que, principalmente, ela era imperdível. Verdades sejam ditas, já adianto: a Trilha do Bonete é mesmo um dos passeios mais incríveis de Ilhabela.

A trilha é um atrativo e vale a pena ser feita completa porque possui cachoeiras e belas paisagens. Se você vai e volta de barco perde, infelizmente, muito da graça de chegar até o Bonete. Existe um ditado que diz: “o mais importante é o caminho, não a chegada”. E isso meio que é verdade: se a praia do Bonete é um paraíso, o caminho que leva a ela é mais encantador ainda! É maravilhosa a sensação de estar imerso na Mata Atlântica – e só assim para a gente perceber a importância de sua preservação.

Toda a exuberância da Mata Atlântica na Trilha do Bonete

Trilha do Bonete: o básico

Distância e localização
São cerca de 12km de trilha, da entrada do Parque Estadual de Ilhabela até a praia do Bonete. A trilha do Bonete está localizada no extremo sul de Ilhabela. Ela começa na Ponta da Sepituba, onde termina a estrada de asfalto. Levamos três horas para completar o percurso, com algumas pausas para banho nas cachoeiras.

Nível de dificuldade
Apesar da fama, eu diria que a dificuldade da Trilha do Bonete é média. Em alguns momentos, era preciso recobrar o fôlego nas subidas e o acesso em determinados trechos é relativamente difícil, uma vez que o solo possui muitas valas por conta da vazão da água em dias de chuva. Há pouco de ganho de altitude (com elevação máxima de 185 metros). É preciso ter, sim, preparo físico para completar a trilha.

É uma trilha bem demarcada pelo caminho de terra batida, por isso o risco de se perder é baixo.

Horário de abertura do parque
O Parque Estadual de Ilhabela está aberto todos os dias, das 7h às 16h. Mas se você pretende fazer a trilha, é indispensável começá-la pela manhã. Chegamos às 11h30, um pouco tarde já para voltarmos no mesmo dia, uma vez que o último barco da Praia do Bonete de volta para o centro costuma sair às 17h. Também é sempre bom levar em consideração o horário do pôr-do-sol para não correr o risco de escurecer e ainda estar na trilha: se tivéssemos chegado às 8h poderíamos ter curtido muito mais as cachoeiras do percurso. É, uma pena!

Uma das pontes suspensas da Trilha do Bonete

Como chegar na Trilha do Bonete?

A trilha do Bonete começa na Ponta da Sepituba, no extremo sul de Ilhabela, onde termina a estrada de asfalto. Chegamos até lá de carro, mas é possível ir de ônibus (último ponto, sentido bairro Borrifos) até poucos quilômetros antes da entrada.

Estacionamento na Trilha do Bonete

Há mais de uma opção de estacionamentos no começo da Trilha do Bonete. Optamos por deixar o carro no Estacionamento Zé da Sepituba, localizado logo na entrada da trilha. Pagamos R$ 20 pela diária.

A Trilha do Bonete e as cachoeiras do caminho

Logo na entrada do parque, há um controle de entrada, onde um funcionário explica sobre o trajeto – vale pegar o mapa oferecido por eles! Ali, você também deve assinar uma lista e deixar seu nome e telefone, caso não tenha feito o agendamento online. Há ainda possibilidade de levar um guia ou monitor.

Uma das 3 cachoeiras da Trilha do Bonete


Até chegar à Praia do Bonete, a trilha passa por 3 cachoeiras: Laje, Areado e Saquinho. A trilha também passa por um mirante, o Mirante do Saquinho, de onde é possível avistar a praia do alto.

Se você tiver tempo, ainda é possível conhecer o Buraco do Cação, na Fazenda da Laje, uma impressionante fenda em um paredão de pedra de 80 metros diretamente no mar. A fenda pode ser vista tanto da terra quanto do mar, no retorno feito de barco.

Se você é do tipo que tem medo de escorregar nas pedras enquanto cruza a correnteza da cachoeira, há sempre uma ponte suspensa de madeira à esquerda da trilha assim que você chega na cachoeira.

Choveu, e agora?

Infelizmente, não é recomendado fazer a trilha após fortes chuvas, porque o caminho pode ser extremamente difícil e escorregadio nessas condições.

Enfim, a Praia do Bonete!

O charme da Praia do Bonete é a rusticidade do lugar: lá, a energia elétrica chega apenas por geradores ou painéis solares. Não há carros, claro, e o chão é de areia. Cerca de 500 pessoas moram na vila. Há uma lenda local que diz que, há muito tempo, ali chegaram vikings e por isso os caiçaras da Praia do Bonete possuem olhos claros. Será? É uma ideia engraçada pensar em vikings chegando em Ilhabela, esse paraíso de Mata Atlântica!

Confesso que fiquei surpreendida com a Praia do Bonete. Fiquei impressionada com as barracas e restaurantes ali na praia. Na verdade, eu esperava uma praia completamente vazia com apenas alguns aventureiros… Encontrei uma pequena vila com surfistas, gente jogando bola e descansando debaixo dos guarda-sóis.

Onde comer na Praia do Bonete

Assim que chegamos, procuramos um lugar para sentar em uma das barracas/restaurantes na beira da praia. Era hora do almoço, então aproveitamos a sombra e água fresca para repor as energias no Restaurante da Dona Isabel. Sabe aquele arroz e feijão caseiro com tempero de verdade? Mais peixe frito, saladinha e um suco de maracujá… Pronto, estávamos no paraíso. Mais do que recomendado!

Day trip na Praia do Bonete: a volta de barco

O barco nos deixou nas proximidades do restaurante Nova Iorqui (é assim mesmo que se escreve!), onde termina o asfalto. De lá caminhamos pela estrada de terra de volta para o estacionamento. O percurso de lancha foi rápido: em torno de 15 minutos. Já o acesso por mar a partir da Praia do Perequê até Praia do Bonete leva aproximadamente 40 minutos. É possível negociar com os barqueiros que estão ali, mas o valor geralmente fica entre R$ 65 e R$ 75 o trecho por pessoa. Leve dinheiro em cash, porque nem todos os lugares aceitam cartão por ali.

Onde se hospedar na Praia do Bonete

Nos arrependemos de não termos planejado uma noite na Praia do Bonete. A vibe do lugar é maravilhosa! Como era altíssima temporada (época de Ano Novo), as pousadinhas já estavam completamente lotadas – por isso a dica é reservar hospedagem antes.

Duas pousadas com ótimas avaliações: a mega charmosa Pousada Canto Bravo, com suas belas cabanas com varanda bem de frente ao mar e ótimo café da manhã; e a Pousada da Rosa, com jeitão de casa de família e ambiente simples.

Acampar na Praia do Bonete

Para quem prefere acampar, há algumas opções de camping nas proximidades e na Praia do Bonete. Na Fazenda da Lage, a apenas 300 metros da cachoeira da Laje, há um camping com vista para o mar. Na Praia do Bonete, há o Camping da Vargem.

Porvinha: como se proteger do grande mal de Ilhabela?

Como nada é perfeito, a Praia do Bonete é particularmente conhecida pela porvinha, um tipo de borrachudo que é CRUEL (!!!!!!!!). Se você não estiver devidamente protegido, assim que chegar na praia será prontamente atacado por uma nuvem de porvinhas, essa miniatura de mosquitinho que irá te causar dor e coceira, muita coceira! Tivemos até que tomar anti-alérgico para acalmar a coceira e diminuir o inchaço.

Para lidar com o ataque das muriçocas, os habitantes da ilha costumam usar citronela como repelente. O repelente Citroilha foi recomendação de uma amiga de São Sebastião e melhorou 70% o ataque das porvinhas. O Citroilha é um repelente natural à base de citronela e óleo de andiroba e deixa a pele com um cheiro e textura muito bons. Em Ilhabela, cheguei a usar mais de um tipo de repelente ao mesmo tempo e nunca estava 100% protegida. Então vá mentalmente preparado!

Ilha de Stromboli, na Itália: explorando um vulcão ativo na Sicília

Vulcão Stromboli, na Sicília: dicas de viagem e o que fazer na ilha

Chegar de barco em Stromboli é por si só uma experiência única. Essa pequena ilha ao norte da costa da Sicília, na Itália, é especial por diversos motivos. Stromboli é um vulcão ativo e ali, na sua base, está uma charmosa e pequena vila. Não só: Stromboli é um dos poucos vulcões no mundo em atividade permanente.

Vulcão Stromboli na Sicília
Vulcão Stromboli na Sicília

Assim que desembarcamos da lancha que nos trouxe de uma cidade siciliana, demos de cara com uma vista com praias de areias pretas contrastando com as casinhas brancas. Nada de carros. Apenas pequenos carrinhos, como os de golfe, que funcionam como táxi, levando os turistas para lá e para cá. Parece até que a gente havia aterrissado em Marte – ou em algum vilarejo afastado da Islândia. Mas a arquitetura das casas ali não mentiam: estávamos, de fato, no Mediterrâneo!

Stromboli: uma vila muito Mediterrânea
Em caso de maremoto: fique longe da zona costeira!

Vulcão Stromboli, o “Farol do Mediterrâneo”

Stromboli é uma das sete ilhas do arquipélago das ilhas Eólias, no mar Tirreno, e possui uma área de cerca de 12,6 km². É pequena mesmo – mas muito charmosa! Na mitologia grega, era em Stromboli que Éolo, personagem da Odisseia, vivia. Stromboli tem a forma de um cone e 926 metros de altitude. Do fundo do mar, a altura de Stromboli chega a 3.000 metros.

A lenda do mouro aparece por aqui também

Na ilha de Stromboli estão duas pequenas vilas: Stromboli e Ginostra. A vila de Ginostra pode ser acessada em um passeio de barco saindo de Stromboli. Dizem que, no inverno, a população de Ginostra é de apenas dez habitantes! No total, cerca de 500 pessoas habitam a ilha.

A tal da atividade estromboliana

Não por acaso Stromboli ganhou o apelido de “farol do Mediterrâneo”. É que o vulcão possui alta frequência de erupções: Stromboli é um dos vulcões mais ativos do mundo e possui explosões constantes, intervaladas por períodos de calmaria. Quando estávamos lá, as explosões aconteciam a cada 15-20 minutos, em média. Mas os intervalos podem acontecer de 5 minutos a uma hora. Stromboli se mantém ativo há pelo menos dois mil anos. Agora, o termo “atividade estromboliana” é usado para nomear essa forma de vulcanismo, com pequenas explosões em espaços constantes de tempo intercaladas com explosões mais fortes, em vulcões do mundo todo – do vulcão Etna, ali do lado, ao vulcão Raung, na Indonésia.

Duas noites em Stromboli

A nossa estada em Stromboli foi definitivamente o ponto alto da nossa viagem de carro pela Sicília – Stromboli foi nossa segunda parada na viagem, logo depois de Cefalù. É verdade que muita gente não vê graça na pequena vila, porque não há muito o que fazer. Mas a experiência é justamente essa: dormir em um vulcão ativo no meio do mar Mediterrâneo!

Subindo o vulcão até Sciara del Fuoco

O passeio mais importante de uma estada em Stromboli é a subida até a Sciara del Fuoco. A caminhada pode ser feita com ou sem guia e dura cerca de uma hora saindo do vilarejo. Saímos no final da tarde, uma hora antes do sol se pôr, para ver o espetáculo pertinho da cratera.

A medida que subimos o vulcão, a vila se afastava

A trilha não é difícil, apesar de em alguns momentos ser preciso pequenas paradas para recobrar o fôlego. É, pode ser cansativo subir na areia vulcânica. Muitas vezes, também foi preciso atenção redobrada nas pequenas passarelas beirando o precipício. A trilha, no entanto, era fácil de seguir.

Não se esqueça de levar lanterna, água, agasalho corta-vento (venta muito lá no alto!) e um tênis confortável para a trilha que sobe o vulcão.

Sciara del Fuoco: onde a lava desce até o mar

Finalmente, chegamos no área panorâmica de onde pudemos avistar a Sciara del Fuoco, a rampa onde desce a lava expelida pelo vulcão. Dali, a vista é estonteante. Imagine só sentir que a terra está viva e entra em ebulição a alguns metros de você. Entre um silêncio e outro, o show de luzes encanta: a lava que explode, treme a terra e corre soltando faíscas montanha abaixo, muitas vezes até encontrar o mar. Um deslumbre só. Provavelmente uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida!

Stromboli em erupção

A partir do ponto de vista panorâmica é possível subir mais alguns metros, porém apenas com guia. Infelizmente, o acesso até Pizzo, na altura de 918 metros, estava fechado por conta das grandes explosões que aconteceram em julho de 2020.

Descemos a trilha em direção ao restaurante L’Osservatorio, de onde também é possível avistar as explosões – de uma distância um pouco maior, é claro. Mas a beleza e a magnitude do vulcão ainda encanta – mesmo de longe.

Restaurante L’Osservatorio: entre vinhos e lavas

Jantamos duas vezes no Restaurante L’Osservatorio, que tem um terraço com vista para o vulcão. Na primeira noite na vila, fomos direto ao restaurante para conhecer as famosas explosões, mesmo que de longe. O caminho da vila até o restaurante é basicamente uma estrada de terra sem iluminação alguma. Também não é tão perto assim: cerca de 1,5 km e pelo menos vinte minutos a pé. Ali, comemos pizza regada a um bom vinho da casa.

As maravilhosas praias de areia preta

São três diferentes praias de areia preta em Stromboli: Spiaggia Lunga, Ficogrande e Scari. Elas não possuem infra-estrutura alguma, como restaurantes e barracas. São ermas e vazias – e aí mora grande parte da beleza.

Strombolicchio: restos do primeiro vulcão

Da praia Ficogrande é possível avistar a ilha de Strombolicchio. Essa pequenina e inabitada ilha com um farol é, na verdade, o que sobrou da primeira formação do vulcão.

+ E já que o assunto são vulcões em erupção, vale a pena dar uma lida na experiência do Diego Arena, do blog Uma Viagem Diferente, nas ruínas de Pompeia. E já que estamos aos pés do vulcão Etna, vale dar um pulinho em Nápoles, com o pessoal do blog De lugar Nenhum, a apenas 25km dali!

Como chegar em Stromboli

A única maneira de chegar em Stromboli é de barco. Saímos do porto de Milazzo de ferry e a viagem demorou cerca de duas horas (cerca de 43 € ida e volta por pessoa). Os horários dos trajetos podem ser acessados no site Direct Ferries. Também é possível chegar a Stromboli via Napoli por ferry.

Stromboli: dicas de hospedagem

Nos hospedamos duas noites na pousada La Lampara, que também possui um dos restaurantes mais requisitados da cidade. Infelizmente, durante nossa viagem o restaurante estava fechado porque a cozinheira se acidentou alguns meses antes. De qualquer maneira, Carlo, o dono da pousada, era muito simpático e solícito (o dono de hotel mais simpático que encontramos nessa viagem, aliás!), os quartos eram limpos e confortáveis e o café da manhã tinha o verdadeiro café italiano feito na máquina (nada de café instantâneo).

Onde e o que comer em Stromboli?

A verdade é que as experiências gastronômicas dentro de Stromboli são muito limitadas. Tivemos algumas não muito boas, confesso. Mas eu recomendaria dois lugares:

Cannolo do Bar Ingrid: uma delícia!

Bar Ingrid: Perfeito para aquela pausa do café no meio do dia, o lugar oferece além de um bom café espresso, doces bem feitos como o cannolo. Tem uma vista bonita para o mar e fica ali, na frente da igreja. Difícil errar.

Ristorante da Zurro: O chefe com jeito excêntrico, que vai de mesa em mesa e te trata como cliente antigo, deixa a experiência no lugar mais interessante. São poucas mesas (melhor fazer reserva antes!) em um salão fechado e o menu muda diariamente com diferentes tipos de frutos do mar fresquinhos. Confie na criatividade do chefe e mergulhe na experiência! P.S.: Esse restaurante, aliás, foi uma ótima recomendação do Carlo, dono da pousada La Lampara.

Mais dicas úteis

Língua: Italiano
Moeda: Euro
Clima/Quando Visitar: De junho a outubro, quando o mar está calmo e os restaurantes e pousadas estão abertos em sua maioria. Nós visitamos em outubro e a temperatura era agradável, mas nada que um casaquinho resolvesse.
Visto para brasileiros: Dispensa visto por até 90 dias.

Stromboli foi nossa segunda parada na viagem de carro pela Sicília. A primeira parada foi Cefalù, uma pequena cidade medieval com uma bela (e cheia de lendas!) rocha gigante. Vale a pena incluir no roteiro de viagem!

Três Cumes de Lavaredo, nas Dolomitas: hiking nas montanhas escarpadas dos Alpes Italianos

Tre Cime - Trilha nos Alpes italianos, Dolomitas

Tão altas que, perto delas, nos sentimos minúsculos. As montanhas nos Alpes Italianos são um convite para trilhas exuberantes com cachoeiras, lagos de água verde esmeralda e cumes pertinho do céu. Há tempos, as Dolomitas povoavam meus sonhos… E, em um surto de final de semana, decidimos que era hora de, enfim, dar um pulinho até a Itália – afinal, as Dolomitas ficam a apenas 330km de Munique – e explorar essa beleza toda!

Para desbravar as Dolomitas, cadeia de montanhas reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (por conta de suas belezas naturais excepcionais!), optamos pela trilha circular com vista para os três famosos picos nos Alpes Italianos — Três Cumes de Lavaredo (ou Tre Cime di Lavaredo, em italiano; Drei Zinnen, em alemão). As Dolomitas são casa de 18 picos que crescem acima de 3 mil metros de altura.

Dá para ter ideia da magnificência desse lugar?

Não sei se dá para imaginar. Mas a gente sonha.

Hiking em Três Cumes de Lavaredo

Distância: 18,35 km
Tempo: 5h30 (com direito às paradas nos refúgios!)
Elevação: 1217m
Dificuldade: Fácil/Médio

A rota circular de hiking em Três Cumes de Lavaredo

Nossa trilha começou no vale Fischleintal (em italiano, Val Fiscalina), que pode ser alcançado de Sexten-Moos (em italiano, Sesto Moso) de ônibus ou carro. Estacionamos o carro em um parking em Fischleinboden e partimos a pé para a trilha.

As paisagens bucólicas da trilha para Tre Cime de Lavaredo
Vale Fischleintal: o começo da trilha para Tre Cime, nas Dolomitas
Vale Fischleintal: o começo da trilha para Tre Cime, nas Dolomitas

Enquanto caminhamos pelo vale Altensteintal, passamos pelo refúgio Talschluss, ainda no comecinho da trilha. Mais alguns metros e seguimos a trilha com sentido a  Drei-Zinnen-Hütte. Ali a subida começou!

Uma trilha com paisagens assim <3

Passamos por duas belas cachoeiras – onde você pode se refrescar, se tiver coragem. A segunda, “escondida” em um grande buraco, era particularmente encantadora.

Parece tão pequena, né? Mas olha só o tamanho da pessoa no canto inferior direito!

Enfim, chegamos na área com vista para os dois lagos verde cintilantes Bödensee (Laghi dei Piani, em italiano). Ali também estava o primeiro refúgio nas montanhas de verdade: o refúgio Drei-Zinnen (2.407 m), com a maravilhosa vista para os Três Cumes. Hora de um cappuccino e apreciar a beleza da paisagem!

Bödensee/Laghi dei Piani: incrivelmente verdes!

Seguimos a trilha 101, passando por Toblinger Riedl (ou Forcella di Toblin), e pelas belas encostas de Bödenknoten (ou Croda dei Piani) e Paternkofel (ou Monte Paterno). Dali era possível avistar outro pequeno lago de águas incrivelmente verde. A paisagem, por sua vez, era absurdamente cinza e até um pouco lunar.

Passamos pelo pequenino refúgio Büllelejoch (2.544 m) e a descida começou. Seguimos para o refúgio Zsigmondy-Comici, onde paramos para um pequeno almoço. A vista do lugar para o impressionante Einserkofel também valia alguns minutos extras para apreciação. Uma gigante e inóspita montanha cinza! Continuamos a descida com vista para o igualmente magnífico Zwölferkofel (em italiano, Cima Dodici) até chegar novamente no Vale Altensteintal.

Foram quase 20 quilômetros de uma das trilhas mais bonitas que já fiz e, apesar de torcer o tornozelo em uma queda na trilha cheia de pedras, valeu a pena!

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O que levar para a trilha

Caminho cheio de pedras e alguns obstáculos: prefira usar botas de trilha

Água e alguns snacks
Botas de trilha
Capa waterproof
Fleece
Protetor solar
Boné
GPS
* No topo da montanha o tempo pode mudar muito, muito rápido. Por isso, mesmo que a previsão do tempo garanta um dia ensolarado, não deixe de levar agasalho e calça na mochila.

Três Cumes de Lavaredo: onde se hospedar

Nos hospedamos em Sexten, na Pension im Wiesengrund, uma pensão simples com café da manhã, estacionamento e uma bela vista das montanhas, mas afastada da cidade. De manhãzinha seguimos de carro rumo ao vale Fischleintal.

Se você prefere um pouco mais de conforto, o Hotel Monika oferece spa com saunas finlandesas, piscina indoor, academia e bio sauna. Outra experiência interessante (e mais aventureira) é se hospedar no camping Caravan Park Sexten, com seus bangalôs de madeira (e kitchenette), banho turco e academia – e exatamente no lugar de onde sai a trilha!

Dica extra: alugue um carro!

Alugar um carro para viajar pelas Dolomitas é uma das melhores coisas que você pode fazer! Isso porque o caminho pela região é um parque de diversões para adultos, com pequenas cidades charmosas pelo caminho, estradas sinuosas e vistas de tirar o fôlego.