Há viagens que te levam para uma bolha de conforto. Já outras te acordam para uma realidade nova. Cairo, na minha opinião, faz parte do segundo tipo de destino! Não importa se você vai se hospedar no hotel mais luxuoso da cidade… O Egito e seus perrengues vão te envolver de um jeito único!
Bem, tudo começou assim: Cairo foi escolhida para ser uma das paradas para a looonga viagem de ano novo até as Filipinas – ainda paramos em Atenas e Abu Dhabi! Por lá, passamos duas noites na ida e mais uma na volta. No final das contas, deu para sentir um pouco o gostinho desse universo tão diferente.
Cairo, uma cidade incrível!
Pirâmides, esfinge e o fato de a cidade ser uma região verde no meio do deserto já deveriam ser um bom motivo para qualquer um querer visitar o lugar, claro. Mas Cairo vai muito além. A cidade exala cultura e tem identidade própria. Tudo é energia! A cor bege das construções vem do deserto que abraça a cidade e o resultado é uma aura mística. Aliás, tempestades de areia por lá não são incomuns – até pegamos turbulência no avião por causa de uma! Mas, ó, melhor deixar a frescura em casa, viu…
Sabedoria de aeroporto
No desembarque, é preciso comprar o visa por 25 dólares/euros. Então, depois da imigração, a aventura começa de verdade! Dentro do aeroporto só é permitido ficar quem está em trânsito de viagem. Resultado: lá fora, logo depois da porta giratória, centenas de taxistas e motoristas de van esperam turistas para fazerem corridas com preços fechados e que custam quatro vezes mais do que corridas que cobrariam para um egípcio comum. Tem cara de gringo? Então vão tentar o tempo todo te cobrar mais caro por isso, principalmente os taxistas. Para não ser passado para trás, peça que o motorista ligue o <i>meter</i> – se ele se negar, não hesite em sair do carro e buscar alguém que cobre um preço justo. Perdi as contas de quantas vezes saímos do carro até encontrar taxistas que fizessem um preço ok! E no desespero para conseguir um táxi com preço justo à noite, até usei hijab. Na hora de indicarmos o caminho, o taxista não entendia inglês e o namorado teve que arriscar no árabe! :)
Passeio, transporte e lembrancinhas: tudo é negociável
Tu-do é questão de lábia. Já reparou na primeira cena de Alladin? Nela, um mercadante tenta vender mercadorias na base da amizade. No mundo árabe as relações comerciais são importantíssimas e parecem ser muito, muito pessoais. Já havia sentido algo parecido no Grand Bazaar de Istambul, na Turquia, mas no Cairo essas negociações são muito mais intensas. Você vira bro e logo depois inimigo. Eles ficam bravos, você encena que vai embora e tudo parece um grande teatro na tentativa de fazer um negócio equilibrado – e, não se engane, assim como os taxistas, os comerciantes de lembrancinhas também vão tentar vender lâmpadas, estatuetas de Nefertiti e lenços por preços muito altos. Negociar no Egito não é questão de ser mão-de-vaca, mas de não ser passado para trás.
Falando nisso…. Também é bom lembrar que o Egito vive uma ditadura militar. Desde a revolução egípcia, que aconteceu em 2011, a cidade vem sofrendo com a falta de turistas – e talvez isso colabore para que os comerciantes coloquem ainda mais os preços nas alturas. Se visitar a cidade, poderá encontrar ruas fechadas por arames farpados e homens armados. Por lá, também vimos tanques de guerra com soldados controlando a avenida que vai do aeroporto ao centro da cidade.
Khan El Khalili, um bazar a céu aberto
Para sentir a energia única do Cairo, não deixe de visitar Khan el Khalili, área comercial cheia de lojas de especiarias, artesanato, cafés e antiquários. Você vai se ver negociando luminárias minunciosamente trabalhadas à mão enquanto, ao lado, mulheres de niqab, véu preto que só deixa os olhos à mostra, discutem as diferenças nos detalhes de uma centena de lamparinas. O lugar também é rodeado por várias mesquitas, claro!
A magia das pirâmides
O ponto alto da nossa estada no Cairo foi o passeio de cavalo próximo às pirâmides. O deserto é exuberante e a vista do pôr-do-sol com as pirâmides em primeiro plano – e Cairo ao fundo – é de encher os olhos. O passeio na FB Stables durou uma hora e meia e custou 150 pounds egípcios (cerca de 19 dólares) por hora.
Atenção! Perto da entrada para a área das pirâmides há muitos estábulos que oferecem o passeio guiado com cavalos, mas grande parte desses lugares maltratam os animais. A situação é tão grave que por ali também há uma área com vários cavalos mortos e feno para cobri-los. Triste demais de ver. Por isso, antes de contratar a empresa mais barata, pesquise bem no TripAdvisor boas recomendações.