#1 diário de bordo de uma road trip

Há um tempo ensaiava retornar a escrever por aqui… Mas procrastinação é uma coisa. Um misto de falta de vontade e coragem me impedia de fazer (olha que ironia!) o que eu adoro. Faltava paixão (e quem há de viver sem?). Seguindo a filosofia de Vinicius – “porque a vida só se dá para quem se deu…” – resolvi deixar o que tinha “de certo”, arrumei as malas e saí com minha família para uma road trip pela América do Sul. Sou do tipo que acredita que um pouco de brisa no rosto e asfalto nos pés são capazes de resolver o pior dos problemas. E isso envolve gente, árvore, vento… Muita coisa, sabe?

O roteiro escolhido para a road trip de 21 dias (e mais de 11.000km percorridos) incluiu Machu Picchu, no Peru; Copacabana (Lago Titicaca!) e o salar de Uyuni, na Bolívia, e San Pedro de Atacama, no Chile. Com apenas os lugares que gostaríamos de conhecer e mais nada planejado, pegamos estrada no dia 1º de julho. Durante a viagem, descobrimos que esse é um roteiro bastante famoso entre mochileiros do mundo todo. Os meios de transporte então variavam demais: motorhome, veículos de passeio, bicicleta (sim!), motos, jipes (♥) e, lógico, ônibus.

Em quatro dias, subimos de São Paulo até o Acre, passando por Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia. Aliás, Rio Branco definitivamente vale a visita! A capital do Acre é uma cidade bonita e organizada, onde, naquele momento, ocorria um grande arraial em homenagem a Gonzagão. Festa linda; sorte de viajante! A realidade da paisagem no norte do nosso país, no entanto, é bastante triste. Na divisa do Mato Grosso com Rondônia, a placa grafada “Bem-vindo ao Portal da Amazônia” até parece ser uma propaganda enganosa. Seguindo adiante, tudo o que se vê é pasto e muitos animais silvestres atropelados. E filas de caminhões de madeireiras. Além disso, do Mato Grosso ao Acre, as estradas estão em PÉSSIMO estado – é válido ressaltar. Também não fomos parados pela Polícia Rodoviária brasileira nenhuma vez…


— Road trip no Brasil? Melhor se preparar…

De lá chegamos no Peru pela Estrada do Pacífico (pensar no Oceano Pacífico após 4.000 quilometros rodados funciona como um estimulante!). Na fronteira, foi preciso procurar por policiais federais brasileiros para o visto de saída do país. Uma pena, uma vez que a entrada/saída estava sem controle policial algum naquele momento. Do outro lado, policiais peruanos barraram a entrada de nossas singelas mexiricas, adquiridas em uma barraquinha de beira de estrada em Minas Gerais. E o que constituía a base de nossa alimentação até aquele momento foi para o saco, literalmente. Quer dizer, nada de vitamina C viajando por aí, colegas. Todos os países percorridos foram bem severos quanto a circulação de cítricos – exceto o Brasil. Ali mesmo, trocamos reais por (novos) soles nas barraquinhas ao redor do posto policial… e dentro de uma cotação justa – mas isso só descobrimos depois, obviamente.


— Pôr-do-sol incrível no Acre

Saindo da alfândega, a surpresa: as estradas peruanas (pelo menos o que conhecemos delas) são muito bem conservadas e sinalizadas, apesar de pista simples ser sempre um problema. A diferença entre o que conheci da Amazônia brasileira e da peruana também foi gritante. Lá, placas com inscritos como “preserve a natureza, assim como faziam nossos antepassados” (distribuídas a cada dez quilômetros) pareciam ser respeitadas. É de arrepiar. Ah! E como nada é perfeito, há pedágios – com preços, logicamente, muito mais baixos que os praticados por aqui. E, olha que curioso, é a empresa brasileira Odebrecht a concessionária dessas vias peruanas.


– Bienvenido a Perú!

Na cidade peruana de Porto Maldonado, nossa parada seguinte, procuramos por uma agência que fizesse o SOAT, seguro obrigatório para proteção dos passageiros em caso de acidente de trânsito. E ali perto não faltavam opções de hamburguesas para saborear com Inca Kola e fechar com helados…

Descobri que tenho muita coisa para falar e, por isso, dividi a road trip em alguns posts. hahaha Quer dizer, a viagem de verdade começou quando entramos no Peru.. Pelo menos a empolgação superou todos os limites!

No próximo, mais detalhes sobre a subida na cordilheira andina (incrível, incrível, incrível!), a chegada em Cusco, a trilha inca e Machu Picchu!

Veja também:
+ Viagem de carro no sul do Chile
+ Laguna Cejar, Ojos del Salar e Laguna Tebinquinche

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9 comments

  1. Fiquei contente quando vi o link para o seu blog com o diário de bordo dessa viagem!
    Estava querendo saber mais a respeito desde as fotos que acompanhei pelo istangram!
    Tenho muita vontade de fazer uma viagem semelhante! Minha irmã conheceu o Peru em 2006, com 16 anos, enquanto eu fui para os EUA ver o então namorado que estava morando na Flórida. Hoje eu me arrependo de não ter feito como ela e sinto que preciso me retratar! Gostaria que vc incluísse algumas dicas e orientações pra quem (eu) deseja fazer o mesmo!
    Vocês foram de carro a viagem inteira? Em quantos vocês foram? Ai, conta mais pra gente, e não demora, pois agora ficamos ansiosos pela continuacão!

    Um beijo, Mari

    Mari

  2. Tio Gilberto, fique a vontade para chamar como quiser. Eu chamo de posts! hahaha

    May, mais textos sobre a viagem estão a caminho. E com fotos melhores, prometo! Essas eu peguei do Instagram e não ficaram lá grandes coisas… hahaha

    Humberto, papito, é verdade. hahaha

    Mari, essa viagem é definitivamente incrível! São realidades tão distantes, mas ao mesmo tempo tudo isso está tão pertinho da gente que não dá nem pra acreditar! Nós viajamos de carro todo o trajeto sim… Fomos em três pessoas: meu pai, minha irmã e eu em um carro 4×4 – isso é BEM importante se quiser fazer o trajeto incluindo a Bolívia. Pode deixar que eu vou colocar mais detalhes nos outros posts sim! E torço para que você faça o mesmo caminho… É um grande aprendizado!

    Provavelmente postarei o post de Machu Picchu na quarta-feira… Comecei a escrever e ainda estou editando as fotos. :)

    Lala, que bom que a senhorita ainda passa por aqui! A viagem foi realmente maravilhosa! Recomendo. :)

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